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Apresentação

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TRALI - Lesão Pulmonar Aguda Associada à Transfusão

 Você já ouvir falar de TRALI ou já atendeu algum paciente com essa lesão?

Leia este artigo e saiba mais sobre essa condição relativamente rara, mas com alto índice de mortalidade.

A lesão pulmonar associada à transfusão, ou do inglês TRALI, foi relatada pela primeira vez em 1985. Ela consiste numa séria complicação associada à transfusão de sangue total, plasma fresco congelado, concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e granulócitos coletados por aférese. 

A TRALI é caracterizada por insuficiência respiratória aguda, edema pulmonar bilateral e hipoxemia severa, não estando associada a nenhum evento cardíaco, e ocorre durante a transfusão ou dentro de 6h após o seu término. 

É considerada rara, pois ocorre na razão de 1 em 5 mil unidades transfundidas e de 1 em 625 pacientes transfundidos. Entretanto, é a maior causa de morbidade e mortalidade associada a transfusão. 

A exata fisiopatologia não é totalmente conhecida, mas a teoria tradicional sugere que a TRALI ocorra por meio de uma reação mediada imunologicamente através da ligação de anticorpos provenientes do doador contra antígenos leucocitários do receptor. Esses anticorpos são direcionados contra antígenos de neutrófilos humanos e/ou leucocitários humanos. A partir de então, os neutrófilos ativados presentes na microcirculação pulmonar geram uma resposta oxidativa e citotóxica que causam dano celular endotelial e aumento da permeabilidade vascular. Com isso, há um profundo vazamento capilar de fluidos para dentro dos alvéolos, resultando em edema e insuficiência pulmonar. 

Outra teoria que pode ser considerada sugere um mecanismo não imunológico desencadeado pela insuficiência de lipídeos biologicamente ativos durante a transfusão de produtos sanguíneos estocados. Esses lipídeos ativam granulócitos que causam lesão tecidual com edema e insuficiência pulmonar. 

A TRALI possui um conjunto de sinais clínicos que são:

  • febre (aumento de 1ºC na temperatura basal);
  • taquipneia;
  • cianose;
  • dispneia;
  • hipoxemia aguda (PaO2/FiO2 menor que 300 mmHg);
  • dessaturação;
  • edema pulmonar visível em raio X de tórax.
A resolução da TRALI ocorre na maioria dos pacientes dentro de 48h, com exames radiológicos normais em 4 dias. 

O diagnóstico da TRALI é clínico, já que não existe um teste rápido ou conclusivo.

O tratamento da TRALI envolve manutenção do equilíbrio hemodinâmico, oxigenoterapia nos casos leves e suporte ventilatório com intubação orotraqueal nos casos mais graves.

Muitos pacientes tem melhora clínica dentro de 48 a 96h do início da reação. Em 80% dos casos, o infiltrado pulmonar é resolvido de 1 a 4 dias. A TRALI não deixa sequelas na maioria dos casos. E a mortalidade é estimada em 5 a 10% dos casos. 

Como forma de prevenção sugere-se:
  • usar hemocomponentes desleucotizados;
  • remover anticorpos e lipídeos dos hemocomponentes;
  • usar hemocomponentes com menor tempo de estocagem para evitar o acúmulo de substâncias causadoras da TRALI.

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Referência: FABRON JUNIOR, A.; LOPES, L. B.; BORDIN, J. O. Lesão pulmonar aguda associada à transfusão. J Bras Pneumol, v. 33, n. 2, p. 206-12, 2007.

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